A importância do autocuidado

Dr. Pedro Gouveia
01/08/23
A importância do autocuidado

"O atual panorama mundial de pandemias, conflitos entre países, alterações climáticas e outras mudanças político-económico-sociais condiciona fortemente os serviços de saúde e torna essenciais as intervenções em autocuidado. Mais do que nunca é necessário assegurar que as populações podem ter acesso a cuidados de saúde, em qualquer momento e geografia." O alerta é do Dr. Pedro Gouveia, head of Operations Consumer Healthcare, Sanofi Portugal, a propósito do Dia Internacional do Autocuidado, assinalado a 24 de julho. Leia o artigo de opinião.

"Indivíduos, famílias e comunidades que cuidam da sua própria saúde, prevenindo doenças e incapacidades, com ou sem o apoio de um profissional de saúde". É desta forma que a Organização Mundial de Saúde define autocuidado.

Assinalou-se recentemente o Dia Internacional do Autocuidado, o que nos dá a oportunidade de falar desta prática, ou diria hábito, que tem vindo a conquistar cada vez mais adeptos e que numa era de constantes mudanças e desafios se torna fundamental para preservar a nossa saúde e bem-estar.

O atual panorama mundial de pandemias, conflitos entre países, alterações climáticas e outras mudanças político-económico-sociais condiciona fortemente os serviços de saúde e torna essenciais as intervenções em autocuidado. Mais do que nunca é necessário assegurar que as populações podem ter acesso a cuidados de saúde, em qualquer momento e geografia. No entanto, muitas vezes, o autocuidado depende apenas da própria pessoa, já que se pode focar na prática de adotar um estilo de vida o mais saudável possível no dia-a-dia, colocando a saúde nas nossas mãos.

À partida, parece uma prática relativamente simples, mas a verdade é que o autocuidado pode representar um desafio para muitas pessoas. A rotina acelerada a que todos estamos sujeitos, as crescentes exigências profissionais, familiares e sociais, leva a que as pessoas negligenciem as suas necessidades físicas e emocionais. O desgaste físico e mental aliado à falta de ajuda acaba por se tornar num instrumento de perda gradual de saúde e por vezes de burnout. E torna-se vital ajudar as pessoas a saber como intervir na adoção do autocuidado.

Destaque-se, porém, que autocuidado não se cinge apenas à prática regular de exercício ou ao cumprimento de uma alimentação equilibrada. Embora estes dois aspetos estejam intimamente relacionados com o bem-estar, o autocuidado vai para além destas duas práticas e engloba também a necessidade dormir bem, de dedicar tempo ao lazer e relaxamento, de complementar a alimentação em determinadas estações do ano, de estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos pessoais e profissionais e de procurar ajuda quando necessário.

O autocuidado não é um ato egoísta, mas sim um investimento pessoal e uma prática que gradualmente vai conquistando mais indivíduos, famílias e comunidades, ainda que com contornos heterogéneos, dado que a forma de praticar o autocuidado depende das necessidades e preferências individuais de cada pessoa. E a verdade é que os adeptos do autocuidado – ou seja, as pessoas que tomam sobre si a responsabilidade de cuidar da sua saúde – estão mais aptas a enfrentar os desafios da vida quotidiana e a prestar apoio aos que estão em seu redor.

Nesse sentido é importante aumentar e investir na literacia em saúde e na prevenção. Uma sociedade mais informada, com dados acessíveis e credíveis, está muito mais preparada para tomar decisões e fazer uma melhor gestão da sua própria saúde, seja de cuidar de si.

Por outro lado, mas não menos importante, é necessário entender que as intervenções de autocuidado não substituem os sistemas de saúde, mas são uma extensão dos mesmos. Fazem parte de uma abordagem holística dos cuidados de saúde que, além de aportar benefícios para os Cuidados de Saúde Primários e por vezes Hospitalares, contribui também para a Cobertura Universal de Saúde, aliviando a pressão sobre sistemas de saúde muitas vezes sobrelotados e sem capacidade de resposta.

O autocuidado é um sinal de progresso e evolução da sociedade, que antes ignorava ou mesmo negligenciava a noção de cuidar de nós próprios. Hoje, cada vez mais pessoas abraçam os pilares do autocuidado como um valor pessoal e uma forma de fortalecer a sua saúde e bem-estar físico e mental, de viver não apenas mais anos, mas de viver mais e com melhor qualidade de vida.

Por tudo isto, retenha esta mensagem: o autocuidado é um processo contínuo de aprendizagem sobre nós, os nossos limites e necessidades, que, por sua vez, se refletem numa vida mais saudável e plena. O que está à espera para se tornar um adepto desta prática? A sua saúde está nas suas mãos.

 

Partilhar

Publicações