“O lúpus é uma doença que tem uma dupla face. Por um lado, pode ser uma doença com atingimento moderado, com grande impacto na qualidade de vida pelas artrites e pelas manifestações cutâneas, mas por outro lado, pode ter algumas manifestações que se não tratadas podem conduzir a um desfecho menos favorável”, avançou o Dr. Tiago Meirinhos.
O sistema imune da mulher tem uma maior predisposição para desencadear fenómenos autoimunes devido a cargas hormonais, que se manifestam em idade fértil, entre os 15 e os 45 anos, com algumas exceções. Embora seja uma doença que se manifesta maioritariamente em mulheres, alguns homens também sofrem desta doença. Apesar de não ter cura, feito um diagnóstico precoce, a expectativa é de uma vida normal sem interferências tanto do ponto de vista pessoal como profissional.
O Dr. Tiago Meirinhos esclarece que há uns anos o lúpus era "tratado com corticoterapia em doses altas, com efeitos menos positivos para a saúde". Em alternativa, atualmente, "utilizam-se imunossupressores, que embora com alguns efeitos colaterais e um menor perfil de segurança, oferecem uma maior qualidade de vida", afirma o especialista, acrescentando que "a terapêutica biológica permite controlar o lúpus na sua origem, minimizando assim os efeitos da corticoterapia a longo prazo."
Em comparação com outras doenças como a artrite, o lúpus é uma doença pouco frequente. Em Portugal, "o único estudo de base populacional é o EpiReuma.pt que estima uma prevalência de 0,1 %", explica. O Reuma.pt é um registo onde os médicos preenchem os doentes, voluntariamente, onde estão inseridos muitos dos doentes com lúpus mais grave em terapêutica biológica. Desta forma, o grosso dos doentes com lúpus não está inserido nesta base de dados, impossibilitando trabalhar a doença casuisticamente, perceber que tipo de lúpus temos e orientar estratégias de disease awareness.